quarta-feira, 18 de março de 2015

SÃO PAULO. MIXER ALUCINADO DA MODERNIDADE LÍQUIDA.



Aqui em São Paulo, todo mundo está sempre aberto a novidades. Seja um novo restaurante, uma lanchonete descolada, uma balada, um grafite ou uma nova tattoo, a gente quer sempre ver o inusitado.

E São Paulo, bagunçada e caótica, traz esse tipo de coisa com frequência.

Parece que Zygmunt Bauman até já morou por aqui.É esse senhorzinho europeu que pensa muito e acerta muito também com suas conclusões quem diz que vivemos a modernidade líquida. Como assim? Modernidade líquida é a expressão que ele criou para explicar o mundo hoje.

Tudo muda a toda hora. Nada mais é fixo ou constante. As coisas fluem o tempo todo. Como os líquidos. E isso quer dizer que a moda, os hábitos, os interesses, a curiosidade e até os valores não são mais permanentes.

Isso define bem o mundo de hoje.  São Paulo, inclusive. O inesperado está sempre dando oi por aqui. E a gente dá boas vindas e agradece.

Tem um lado bom nisso. Nunca temos tempo pra ficar cansados das coisas já que são sempre coisas novas.

Mas também tem um lado meio bad. Estressamos rápido com essa velocidade e as mudanças incessantes. Às vezes não temos tempo pra tomar fôlego. E em algumas situações, essa possibilidade de mudar tudo e todos pode não ser a coisa certa a fazer.

Talvez analisar um pouco mais demoradamente as coisas ajude a perceber melhor a qualidade e o valor das coisas.

Sorveterias com essa pegada mexicana, por exemplo. De repente, existem dezenas. Começam a surgir meio sem aviso. Todas muito iguais. Na apresentação, na proposta, no sabor. Até no cartaz ou na lousa na frente da loja.  Poxa, mais criatividade, por favor. Mais originalidade.

Gostamos de novidades de verdade. Não replays e cópias. E queremos qualidade. Paletas mexicanas mesmo só conheço Los Paleteros. Os outros parecem tentativas fail de um produto ótimo. Não sei exatamente se as paletas mexicanas vendidas no México são o que temos aqui. Mas pelo menos a de chocolate belga e a de coco são sensacionais.  Toneladas de coco, muuito coco mesmo naquele tijolão. E um sabor intenso de chocolate na outra pepita.


Mesma coisa acontece com os letterings que decoram tantos cartazes agora. De uma hora pra outra, tudo quer ser lettering. Tudo quer parecer artesanal, cursivo, improvisado e imperfeito.  Mas aí também a gente encontra muito cartaz com lettering fake. Material que não é exatamente feito manualmente.. Design imitação de letrismo.

Felipe Grimaldi é o cara nessa área. Ele ensina todo mundo as técnicas e os truques para desenhar letras artesanalmente de verdade. Se você ainda não ouviu falar, vale conhecer o estúdio dele na Oscar Freire. Só estou comentando aqui sobre ele porque fiz o curso de lettering e fiquei muito entusiasmado. Mesmo sem ser designer, consegui desenhar e criar coisas bacanas seguindo a orientação dele.

Picolés surpreendentes, cartazes modernos, tatuagens e grafites irreverentes. Tudo isso é caótico. Tudo isso é São Paulo. Tudo é Zygmunt Bauman e os tempos líquidos que vivemos.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Branco e dourado é o novo preto e azul. Huahua

Daltonismo. Sqn


A gente passa a vida olhando pras coisas e identificando cores. E aí um vestido qualquer gera tanto comentário. Provado. A net amplifica mesmo a importância de tudo. Pro bem e pro mal. E outra -- o que vale é vibrar e se envolver. Assim é a net.

{ JULIANNE MOORE }



Só eu que acho ela linda e inteligente nível nem-dá-pra-mensurar? Vamos combinar e votar nela nas próximas eleições pfv.


{ SELFIE }


vimeo.com/106807552



Uma crítica a essa febre das selfies. As garotas ficam tão embasbacadas em fazer uma selfie com Kirsten Dunst que deixam de conversar com ela. Ou até conhecer um pouco mais sobre a atriz-gata.

A única coisa que lembram de pedir a ela --- pode me dar um tag? O olhar de decepção de Kirsten é o que mais pega no vídeo. Tocante.

Acho que a mensagem é simples. Menos, galera, menos.

Cinquenta tons nada a ver



Já tinha certeza de que o filme seria um top na lista daqueles que nem vale a pena mesmo que vc encontre um ingresso grátis no encarte da revista. Só pelo tipo de livro no qual se baseia. Best seller pra quem curte fantasias desconectadas da realidade e personagens que são uma coleção de estereótipos.

Mas fui ver mesmo assim porque era o único naquele horário --- e chovia demais. Nem dava pra sair do shopping.

Nessas horas, o melhor é se preparar psicologicamente.  Não vale analisar muito. Nem esperar demais da sessão. Melhor mesmo é nao esperar nada.


Mas fala sério. It's all rubbish, folks. É lixeira mesmo.  Começando pela falta de qualidade técnica.


Iluminação que lembra muito as novelas da tevê. Todo mundo o tempo todo em todas as cenas com a mesma fonte de luz única.  Parecendo que a história toda acontece sob a luz do sol e rebatedores perfeitos. Nada de sombras estranhas ou significativas.

A câmera se movimenta da maneira mais óbvia possível. Estilo vamos-simplificar-porque-não-tamos-aqui-pra-ganhar-oscar. Não rola um movimento bacana que ressalte qualquer emoção ou conflito nos personaagens.

Anastassia é a personagem principal. Parece meio perdida principalmente no início do filme. Talvez o roteiro pedisse isso. Mas ela permanece assim até o final. Huahuaa. Será que era essa a ideia? Nope.

Tem também alguns momentos que pretendem ser dramáticos na história. Quando a garota ouve coisas "ousadas" do parceiro. Ousadas? Talvez pra quem vive uma vida sem novidades, bem convencional e um pouco desinformada.

Ele diz que farão um acordo e ele será o dominador e ela a escrava sexual dele. E daí? Parece tudo um pouco fora de época. Sadomasoquismo é coisa antiga. Na Inglaterra é um tipo de fetiche que já é mais que conhecido. Tem os dundgeons por lá exatamente pra isso. Casas dedicadas a isso e gente que pratica há um tempão.


Mas o olhar de Anastassia é sempre uma mistura de ingenuidade com surpresa e choque. Com o sobrenome Steele, que obviamente lembra aço na tradução, talvez a ideia é de que ela seja fria. Ou resistente. Vai saber. Mas não faz diferença nenhuma.

O filme é meio brega. Poderia até ter uma direção de arte bem cuidada e um tom invoador com esse tema na filmagem. Como Hitchcock lembrava, não há histórias ruins. Só histórias mal contadas.

Cinquenta tons é tipo torrada com requeijão. Sem sabor. Sem surpresas. E támbém  um alimento que não alimenta.

O mais bacana vai ser ver algum comentário e a zoeira no Não Salvo. Se ainda não saiu vai sair.


Não curti como já esperava. Mas recomendo muito. É material pra muitas horas de risadas e conversa depois da sessão. Lots of pain. No gain. Muita dor pra assistir. Nenhum benefício.